Produtos cultivados sem agrotóxicos estão
disponíveis em cidades como São Bernardo, que conta com feira exclusiva, e
Diadema
O cultivo de alimentos livres de agrotóxicos tem ganhado espaço
nas grandes cidades. Seja para consumo próprio ou para comercialização,
produtores do ABCD têm investido nos chamados produtos orgânicos. Em São Bernardo, uma
feira dedicada exclusivamente a esse tipo de alimento é realizada toda
sexta-feira na CTR (Central de Trabalho e Renda).
Engana-se quem pensa que verduras, legumes e
frutas orgânicos vêm de longe. Todos os produtos vendidos na feira são
produzidos por famílias de São Bernardo que integram o Programa Municipal de
Hortas Urbanas. Ao todo, sete hortas funcionam nos bairros Assunção, Vivaldi,
Parque Selecta 2, Rudge Ramos, Farina e Batistini, onde os produtores cultivam
os alimentos com adubo natural.
Carmelita Farias Silva, 50 anos, começou o
trabalho há dois anos visando apenas o consumo familiar, mas a produção logo
ganhou novos adeptos. “Começamos a plantar apenas para a nossa família, mas
pouco depois os vizinhos se interessaram. Na feira (na CTR) a procura também é
boa, muitas vezes chegamos aqui e já tem gente esperando.”
SABOR
Mercês Maria da Silva, 64, cultiva alimentos
como quiabo, almeirão e cebolinha há cerca de um ano. A produtora aponta
benefícios dos orgânicos, que para ela têm sabor diferente dos demais e duram
mais na geladeira. “A gente come sem medo porque não tem veneno”, garantiu.
A feira acontece toda sexta-feira das 10h às
15h na Central de Trabalho e Renda (rua Marechal Deodoro, 2.316). Os alimentos
são colhidos no mesmo dia e o que não é vendido é repassado para o Banco de
Alimentos da cidade.
Prefeitura de Santo
André estuda incentivar produção
Santo André chegou a ter uma feira voltada
apenas para alimentos orgânicos, mas foi desativada. O incentivo à produção de
alimentos orgânicos, no entanto, está nos planos da Administração. Fábio Vezzá
de Benedetto, engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de
Abastecimento Integrado de Santo André), afirma que a produção de agricultura
comercial já acontece na cidade, mas ainda não apresenta características
orgânicas.
“A expectativa é para que a médio e longo
prazos tenhamos conseguido incentivar o cultivo orgânico, em todas as esferas
de produção, já que há uma intenção neste sentido, embora ainda tenha muito a
ser feito, tanto em termos ambientais quanto legislativos”, disse.
DIADEMA
Hortaliças, temperos e legumes orgânicos são
cultivadas em 12 hortas comunitárias em Diadema. A produção serve para consumo próprio e
o excedente é vendido para moradores da região onde estão localizadas as hortas
ou para clientes que procuram o produto diretamente no local. As hortas estão
nos bairros Campanário, Canhema, Parque Reid, Jardim Santa Rita, Vila Olinda,
Parque Real, Taboão, Eldorado, Promissão, Jardim União, Serraria e Inamar.
Um terço dos alimentos tem excesso de
agrotóxico
A utilização de agrotóxicos não é proibida no
Brasil, mas algumas normas pretendem impedir a má utilização do produto, como o
uso acima de níveis permitidos. Pesquisa realizada no ano passado pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) constatou que, em mais de três mil
produtos utilizados no estudo com 13 tipos de alimentos, 36% das amostras de
2011 e 29% das de 2012 tiveram resultados insatisfatórios.
Maria Angela Zaccarelli Marino, professora de
Endocrinologia da Faculdade de Medicina do ABC, ressalta que pesquisas sobre as
consequências dos agrotóxicos na saúde do consumidor estão em andamento. “Os
agrotóxicos poderiam levar a doenças autoimunes, como a tireoidite”, disse a
professora, ao destacar ainda que os alimentos também podem estar impróprios
para consumo se o solo ou a água utilizadas no plantio estiverem contaminados.
Os alimentos orgânicos são uma opção mais
saudável, mas a endocrinologista dá dicas para reduzir os danos causados pela
ingestão de produtos com agrotóxico. Todos os alimentos devem ser lavados em
água corrente e em seguida deixados de molho por cerca de 15 minutos em
recipiente com água limpa. “Não aconselhamos colocar nenhum produto, como
vinagre, nessa água. E em alguns alimentos (como tomates e morangos), o
procedimento deve ser feito mais de uma vez, sempre lavando bem para tentar
minimizar a agressão.”
Fonte: Jornal ABCD
Maior (13/02/2014)
http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=57056